quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Parte 1. Perdido na floresta.

Ele estava cansado de andar a tarde toda, mas nada ele podia fazer. Já era tarde, mas o sol ainda não havia desaparecido, embora um leve cor-de-rosa preenchesse o céu.  A floresta se mantinha silenciosa, as árvores não se mexiam, o vento não fazia barulho. Tudo parecia estagnado. Mas não, enquanto ele andava no vazio, ao longe ele sabia que muitos conversavam, esperando a noite e a luz fraca do luar.

Seguindo o mesmo caminho que já seguira por toda aquela tarde, assim como o havia feito no dia anterior, Tomás já começava a perder as esperanças de chegar a algum lugar. Ele realmente estava perdido.

A fome atacava, e o resto das barras de cereal que havia trazido já se iam, mas ele não perdia as esperanças. Ao menos sabia que não estava dando voltas. Ele não tinha visto este local ainda, e mantinha como ponto de referência o pico a sua frente. Enquanto o ‘Pico da Solidão’ estivesse a sua frente ele não poderia desistir, ao menos o monte lhe fazia companhia.

-“Porquê não avisei ninguém que ia ficar para trás um pouco, observando?”. O grupo certamente estava a sua procura, mas com eles iriam encontrá-lo depois de dois dias. Com certeza sua amiga Juliana, ou seu amigo Pedro teriam logo dado falta dele. “Mas, será?”

            Envolto nas mesmas incertezas que já o preenchiam desde o dia anterior, ele ouviu um pássaro a longe. Parecia-lhe um animal diferente, que ele nunca antes havia ouvido. Isso não o surpreenderia pois naquela floresta muitos dos animais lhe eram estranhos. “Eu deveria ter estudado um pouco a flora e a fauna deste local antes desta viagem!”. Mas quem faz isso? Certamente não Tomás!

“Está escurecendo, é melhor eu parar de andar por hoje”. O cantil que ele havia trazido cheio para a viagem ainda tinha um pouco de água, mas ele não pretendia tomar tudo. Comeu o resto da barrinha de cereal e procurou um bom lugar para dormir. Acender uma fogueira não seria uma boa idéia, mas ele tinha medo do frio. Não achou nenhum ponto interessante e resolveu andar mais um pouco.

Logo a frente percebeu uma clareira. E nela, vozes. Mas teve medo. A solidão, a cede, o sol, não estariam pregando uma peça nele? Haveria mesmo alguém, a estas horas da noite, no meio da floresta? Poderia ser alguém a sua procura? Mas se assim fosse estariam chamando seu nome e o ruído que ele ouvia não passava de um som normal, vozes conversando entre si. Parecia-lhe que na clareira havia um mundo vivo ao qual ele, em sua estada perambulando pela floresta, não mais pertencia.

Não ousou chegar mais perto. Não ousou se mexer.

Poderiam ser traficantes das belas aves desta floresta, ou ladrões ali escondidos para fugir da polícia. ‘Melhor não ir por ali’, pensou Tomás. ‘Melhor esperar a manhã e ver o que o sol me mostra’.

Tomás tentou fazer o mínimo possível de barulho ao dar passos para trás e retornar para o local onde tinha comido, sem perder de vista a clareira. Ele então se virou para a outra direção, tentando fugir do local no qual ouvira vozes. Logo achou um espaço onde pode se deitar. Ainda sem causar barulho abriu seu saco de dormir, fechou-se nele e tentou, o mais que pode, pegar no sono. O medo do quê e quem poderia estar escondido naquela clareira dificultaram sua noite.

Quando finalmente repousou os olhos, acordou já na manhã seguinte.



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