quinta-feira, 29 de agosto de 2013

miscelania poética

Querendo ou não, sou sua.
Minha opinião se perde
E observo você sorrir
como se fosse a única salvação que me é permitida.

Sou sua por inteiro
Apesar de querer,
Apesar de mim mesma.

Sou sua e choro
Pois não sei
já me confundo em mim mesma.

Teus olhos fogem aos meus
e me deslizo em soluços

Eres ou não um sonho?
Eres ou não meu?

Pensas que não te vejo refletir?
Pensas que não vejo a forma que me olhas!
Mas não admite ser meu
e volto a tornar-me vento.


(29-08-2013)
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Perdi-me em ossos e pele
Aonde foi parar a voz?
O grito não sai
A fala se perde.

As flores morrem e a noite não termina.
As lagrimas tornam-se chuva.
E o corpo treme.

(05-2013)

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Flowers are my goal now...
They shine when darkeness is strong
And give hope when tears are falling.
Maybe by staringa at them I'll believe it
Maybe the flowers will answer my prayers
Maybe the colours will give me even more hope
Maybe I'll feel better.

And maybe just maybe I'll reach it.

(04-2013)

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Chá com Canela

As cores brilham
e a alma reluz
Sorri para mim, com seus olhos de chá  com canela!
Tempera meu canto com a menta brilhante da tua aura.

Despede-se de mim com olhos fechados.
E faz-me chorar prantos magoados.

Abre teus olhos ó céu de prazeres
transforma a água em chá de sabores
e dá-me a chave da vida querida
e da alma bendita.

(28/09/2013)


domingo, 17 de março de 2013

Uma manhã de janeiro


Sempre que abro os olhos pela manhã penso se o dia irá ser melhor que o anterior. Na maior parte das vezes isto não acontece. Sinto que a força que eu havia tido no passado se esvaeceu com a noite e eu perdi a esperança, mas hoje talvez a luz novamente nasça por entre a escuridão.
Levantei com medo de minha própria sombra nesta manha escura de janeiro. O sol ainda não havia nascido e a chuva batia de leve na janela. O cheiro do mar prendia a minha alma nos sonhos e o barulho das ondas me dava medo. Poderia aquela tempestade ter levado mais uma vida, ou poderia aquela tempestade ter trazido algo  novo/ algo desconhecido.
Os olhos ainda cansados, perceberam a leve luz que começava a chegar pela janela fechada. Era hora de abri-la e observar o vermelho que acompanha o nascer do sol. Tremendo com o leve frio da manhã abri a persiana e deixei que a apagada vermelhidão da manhã penetrasse no quarto. A cama com seus lençóis brancos refletia o belo evento que a natureza traz todos os dias com a chegada da luz que ilumina a Terra.
O quarto estava ainda tão bagunçado quanto na noite anterior. Nenhuma fada mágica havia vindo pela noite modificar o estado perdido em que minha alma se encontrava, ou a forma como eu havia simplesmente jogado minhas roupas por sobre o chão, deixando cair os livros da escrivaninha. A fada também havia esquecido de limpar o pó do armário e de fechar a porta do quarto.
Desisti de sofrer por aquilo que eu não havia feito. A manhã era ainda uma possibilidade e eu poderia ainda aproveitar o dia e não sofrer dores do passado que rasgam a alma e impedem-nos de andar.
Saí do quarto que me fazia perder o ar, embora a cor vermelho sangue havia se transformando em um leve rosa, que lembrava-me a infância e permitia que eu observasse a vida como se ela fosse toda minha, sem medos e sem decepções. Sem que o mundo houvesse escrito em minha alma que eu não sou, não sei e não tenho, embora eu sou, seja e tenha.
O corredor também estava escuro, embora a leve luz rosa que vinha do quarto lhe desse um leve tom de casa assombrada por fadas, habitando as flores do papel de parede. Liguei finalmente a luz e foi como se a magia da floresta fosse embora. Eu fiquei ali parada. Desamparada. Sem minhas fadas não tenho nada.
Finalmente entrei a sala e abri a janela. A luz que entrava na sala já era branca. O céu era azul embora a chuva tivesse deixado a grama do jardim molhada. O orvalho caia devagar da roseira. As pétalas creme apagadas brilhavam com diamantes que mudavam de local de acordo com a forma como o sol os tocavam. Os diamantes também caiam e despedaçavam sobre a grama, perdendo-se possíveis colares de madames e anéis de 15 anos para uma manhã de janeiro em que a esperança nasce entre folhas e lágrimas.
O cheiro da grama molhada misturava-se ao cheiro da praia. Surfistas começavam a surgir no horizonte e voltei-me para a sala, procurando um livro que pudesse me acompanhar em uma caminhada.
A cozinha também estava repleta de escuridão. Ao abrir as janelas e permitir que o cheiro de café entrasse pelo nariz, penetrando cada parte de meu ser, observei pela janela da sala os banhistas que começavam a chegar. Guarda-sol coloridos começavam a transformar a praia em um arco-íris e o café me dava a energia que eu precisava.
Tive que retornar ao quarto, cuja vermelhidão da manhã ainda me assombrava, mas ao observar que o nascer do sol havia acabado, o quarto já não mais me dava medo. Agora as temeridades do passado haviam se ido e a esperança de que este dia iria trazer algo novo vinha novamente, agora ainda mais forte.
Agora pronta, peguei meu livro e me dirigi para a praia. A música que vinha de meu celular me consumia. Fechei meus olhos para sentir o que dizia a paz em som e vozes. A calma e o vai e vem do mar faziam um mantra.
Abri novamente os olhos, o creme da areia, que penetrava por entre meus pés nus, contrastava com o azul do mar, do céu. O azul que preenchia a alma e que mostrava uma esperança, um mundo que permitia abrir-se inteiramente a minha frente para que o futuro fosse meu. Sem medos, visto que o medo faz com que a vida fique empacada e nos transforma em nada. Sem vícios, visto que estes fazem de nós escravos. Um futuro só meu e escrito por mim. Um futuro que eu fiz para mim mesma e que apenas o mar e eu precisamos concordar. Visto que o mar é vida e eu sou o mar.